Muitos professores reclamam da dificuldade em lidar com os
adolescentes. Convivendo com eles há mais de 20 anos, aprendi que também
podemos ver o lado positivo dessa fase, ajudando-os a enfrentar os
desafios com mais confiança e aprendendo muito com isso também!
Pensamento abstrato e genitalização
Dos 13 aos 17 anos, duas coisas maravilhosas acontecem
simultaneamente: a aquisição do pensamento abstrato e a genitalização.
Isto habilita o adolescente, não só a especular e abstrair, mas também a
sonhar com seus objetos de desejo.
Muitas vezes, os professores dizem que os adolescentes vivem no
“mundo da lua”, sonhando com tudo. Mas esse processo é fundamental.
Essa abstração de “viajar” com um caso de amor platônico, uma banda
de sucesso, ou o time de futebol, funciona como uma preparação, um jogo
amistoso. Na parte sexual ela é fundamental, pois é treinando
mentalmente esse papel que o adolescente vai poder num futuro próximo
lidar com sua sexualidade de forma mais ampla e com a perspectiva de
envolvimento amoroso real.
Imagem percebida x imagem imaginada
Durante a adolescência, os meninos e meninas percebem que toda
satisfação possível depende de uma fantasia, uma espécie de filme
íntimo, um roteiro secreto que encadeia nossas aspirações e ideais,
segundo o psicanalista Cristhian Dunker, em seu artigo, Travessia da
Imagem.
Isso quer dizer que, em todas as atitudes, quem entra em ação não é a imagem percebida de si, mas a imaginada.
Tudo isso gera muita tensão, confronto com a sua imagem e dificuldade de relacionamento, que pode se tornar mais intensa e negativa quando o adolescente é interpretado de aborrecente, por exemplo.
Tudo isso gera muita tensão, confronto com a sua imagem e dificuldade de relacionamento, que pode se tornar mais intensa e negativa quando o adolescente é interpretado de aborrecente, por exemplo.
O que ele mais precisa neste momento não é que não atribuam a ele
mais uma imagem, e sim que o ajude a assumir aquela que lhe faz sentido e
com a qual se identifica.
Como estabelecer um diálogo com os adolescentes?
Para conseguir levar adiante uma boa conversa, o segredo é não medir
forças. O adolescente está num momento de autoafirmação, saindo da
condição passiva de ser amado incondicionalmente por seus pais, para se
tornar ativo, ou seja, lidar com a difícil tarefa de escolher um
namorado (a), uma profissão, e que, dentro de suas escolhas consiga amar
e para ser amado.
Por isso, um caminho que me foi recomendado no início da minha carreira e que costuma dar certo, é entender
o que o jovem pensa a respeito de um determinado assunto e,
complementar as lacunas que ficam nos conceitos por causa da imagem
idealizada de si e a pouca experiência na vida.
Transformações do corpo e da mente
Neste período repleto de transformações, os adolescentes costumam se dar conta também, do principal atributo sexual que é a capacidade orgásmica, ou seja , a possibilidade de erotização e de obter prazer através do sexo.
Esta descoberta, associada aos estímulos hormonais que estão a pleno
vapor, acentua o impulso sexual e favorece a iniciação sexual. A
masturbação se torna cada vez mais presente, e não só na vida dos
meninos, das meninas também. E, obviamente, a dúvida mais comum entre eles é: qual é o melhor momento para se ter a primeira relação sexual?
É por isso que este é um momento muito rico para se trabalhar a
educação sexual. É preciso aproveitar que eles estão em grupo, numa
convivência na escola, onde compartilham atos e ideias, com a crença de
que tudo vai dar certo, decidindo quais valores vão respeitar e
aprendendo a enfrentar os conflitos que surgem dos confrontos com
opiniões diferentes das suas.
Mas um cuidado é muito importante aqui. Não exponha os alunos.
Utilize dinâmicas e jogos educativos específicos que ajudem a
protegê-los, explicitando o pensamento do grupo ou do personagem na
situação colocada pelo jogo. Este é um jeito de todos aprenderem sem
constrangimentos, inclusive o professor.
Experimentem!
fonte:http://revistaescola.abril.com.br/blogs/educacao-sexual/2013/04/11/adolescente-nao-e-aborrecente/
Nenhum comentário:
Postar um comentário